Alto preço dificulta popularização de caminhões Euro 6 e P8

junho 25, 2024 Off Por Site Fetransul

Com acréscimo de 30% no valor do veículo, empresas têm optado por veículos com tecnologias anteriores

A discussão sobre a emissão de poluentes na atmosfera pelo Transporte RODOVIáRIO de Cargas (TRC) é recorrente e merece atenção. Para que as ideias de um mundo mais sustentável saiam do papel, programas são criados para reduzir o impacto no meio ambiente, como é o caso do Euro 6 e o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que está na fase 8 e, por isso, é também conhecido como Proconve 8 ou P8.

O Euro 6 e o Proconve 8 são normas que definem os limites máximos de emissão de poluentes por veículos automotores e visam reduzir o impacto ambiental do transporte na Europa e no Brasil, respectivamente. Embora compartilhem objetivos semelhantes, as normas apresentam algumas diferenças.

Diferenças

Implementado em 2014 na Europa, o Euro 6 estabelece limites mais rigorosos para material particulado e óxidos de nitrogênio (NOx), em comparação com o Proconve P7, fase anterior da legislação brasileira.

Já o Proconve P8, em vigor desde janeiro de 2023, alinha-se ao Euro 6, exigindo tecnologias mais avançadas para controle de emissões de poluentes, como o SCR (Redução Catalítica Seletiva) e o DPF (Filtro de Partículas). “Com a popularização do P8, a expectativa é que tenhamos menores índices de emissões com claro benefício ao meio ambiente”, afirma o presidente do Setcesp, Adriano Depentor.

Desafios

Apesar da importância dos veículos rodarem nas estradas brasileiras fazendo parte do sistema P8, a implantação do modelo tornou-se um desafio. Isso porque os modelos de veículos com os componentes necessários para serem considerados dentro do programa possuem um preço mais alto, o que dificulta a atualização da frota.

De acordo com o presidente do Setcesp, o valor dos veículos com tecnologia Euro 6 e P8 é 30% maior do que os anteriores. “O caminhão já possui um custo elevado para as empresas. Quando falamos dessas novas versões, a compra se torna um desafio ainda maior. É preciso entender que o transportador enfrenta muitos custos para a operação. Além da questão tributária, que impacta toda a cadeia logística”.

No Brasil, o mercado de venda de caminhões com novas tecnologias não está aquecido, segundo dados da Anfavea compilados até outubro de 2023. O segmento acumula 88.450 unidades emplacadas nos primeiros dez meses do ano, um recuo de 14,9% em relação ao mesmo período de 2022, quando 103.958 veículos foram comercializados.

Segundo Depentor, uma das soluções para a questão seria um plano de renovação de frota. “Se houvesse um programa que tirasse o veículo mais antigo das operações de transporte com o devido cuidado para proporcionar dignidade e remuneração sustentável ao operador do veículo antigo, teríamos um programa eficaz e o caminho para a erradicação dos maiores emissores”, afirma.

Além de estabelecer melhores condições de trabalho aos motoristas profissionais, o Programa de Renovação de Frota pode modernizar equipamentos internos aos caminhões, reduzir a emissão de poluentes, dar maior eficiência aos custos operacionais e aumentar a rentabilidade das empresas envolvidas neste processo.

“A idade da frota é um dos pontos que considero mais importantes na questão ambiental, porque não adianta ter tecnologias cada vez mais potentes em termos de redução de poluentes, mas não conseguir colocá-las no mercado e não substituir aquela tecnologia antiga que está rodando”, afirmou o diretor técnico da Anfavea, Henry Joseph Jr, em recente evento de ESG realizado pelo Setcesp.

Nesse sentido, para que a implantação da renovação da frota tenha sucesso, Depentor pondera que o preço dos veículos seja ajustado à realidade do mercado. “O custo de um novo produto é um desafio, é necessário que ele seja similar ao que temos. Se vier com preço acima do que podemos pagar, uma das consequências pode ser a retração de mercado”.

FONTE: SETCESP (24/06/2024)

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