Economia pode se recuperar mais rápido no Brasil com adoção massiva de inteligência artificial, aponta estudo
dezembro 10, 2020O estudo encomendado pela Microsoft à consultoria FrontierView estima crescimento de até 4,2 pontos percentuais no PIB até 2030, com investimentos em tecnologias de inteligência artificial e educação inclusiva
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil pode ter um acréscimo de até 4,2 pontos percentuais se o país adotar massivamente as tecnologias de inteligência artificial (IA) até 2030. Isso significa que empresas e governos adotariam as tecnologias de IA para expandir suas operações e não apenas para automatizar tarefas.
Esse é o cenário mais otimista de um estudo recém divulgado que analisou como a economia, a produtividade e os empregos no Brasil poderiam ser impactados com a ampliação do uso de inteligência artificial.
Mesmo no cenário mais conservador, o estudo “A Inteligência Artificial (IA) na era da Covid-19: Otimizando o papel da IA na geração de empregos e crescimento econômico na América Latina”, encomendado pela Microsoft e realizado pela consultoria americana FrontierView , diz que a IA pode ser uma ferramenta para auxiliar o país na recuperação econômica, reduzindo custos, melhorando a arrecadação de impostos e estimulando a liberação de crédito para quem precisa, movimentando os mercados.
A pandemia já preparou a base, impondo a aceleração de investimementos e implemntação de tecnologias digitais e computação em nuvem por empresas e governos. “O crescimento econômico no Brasil pode acontecer de 1,6 a 2,4 vezes mais rápido se usarmos inteligência artificial”, destaca Pablo Gonzalez Alonso, diretor de Pesquisa da América Latina na FrontierView.
Mas ainda que o cenário seja mais conservador, com adoção mínima e apenas para automação de processos, produtos e serviços, até 2030, mesmo assim pode haver o crescimento de 1,8 ponto percentual positivo do PIB. Para Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, é importante que a IA seja usada não só para a automação, mas para criar novos negócios, de forma gerar impacto positivo também na manutenção dos postos de trabalho e na produtividade. “Com a inteligência artificial, toda empresa passa a ser uma empresa de tecnologia. Da pequena à multinacional, os negócios vão se alavancar em cima da tecnologia”, diz a executiva.
“O que precisamos fazer pra adotar massivamente a tecnologia que gera melhores empregos, produtividade e rentabilidade é treinar centenas de milhões de pessoas no mundo inteiro e, num espaço de tempo muito pequeno”, diz Tânia Cosentino, durante coletiva de imprensa que apresentou o estudo. Ela acredita que o mundo caminha para um modelo híbrido, mantendo avanços da transformação digital acelerada pela pandemia — entre os mais básicos, citou o comércio online.
Além do impacto na qualificação de mão de obra, com influência direta no modelo de educação do país, as tecnologias de IA também podem acelerar a formalização de trabalhadores, expandindo assim a base tributária e melhorando a arrecadação de impostos.
No combate à evasão fiscal, inspetores podem ser treinados em ferramentas de previsão que ajudam a identificar fraudes mais facilmente. A adoção de IA para a previsão de déficits de receita tributária, e revisão de alocações orçamentárias e incentivos fiscais pode gerar impactos econômicos significativos. “Precisamos correr para fazer essa movimentação grande e necessária. É um desafio para o setor publico e o privado. Coletivamente precisamos endereçar isso”, diz a presidente da Microsoft.
Emprego e Renda
O estudo também analisou os impactos da Inteligência Artificial na eliminação e na criação de empregos. Segundo a FrontierView, uma redução na demanda por força de trabalho não levaria automaticamente à perda de empregos em todos os casos. Com os ganhos de produtividade que a IA oferece, trabalhadores podem ter sua carga horária reduzida ou receber novas tarefas com o tempo disponível gerado graças à tecnologia. “Sem dúvidas que a IA traz benefícios, mas tem desafios também”, disse Pablo Gonzalez Alonso, diretor de Pesquisa da América Latina na FrontierView.
O desafio principal é, junto com a IA, investir também em educação tecnológica inclusiva. “É necessário estimular a participação das mulheres nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, o acesso à educação para todos os brasileiros independentemente da origem socioeconômica e o acesso à tecnologia por todas as empresas, independentemente do porte”, ressaltou Tânia. “Não precisamos que todos sejam cientistas de dados, mas que tenham fluência em tecnologia”, finalizou. A previsão ´q que essa fluência que a executiva se refere em tecnologias será nas próximas décadas como a lingua inglesa tem sido até agora para o mundo dos negócios.
Incentivar a adoção de IA para a melhoria de produtos e serviços nos setores público e privado, aumentaria a demanda por profissionais altamente qualificados ampliando os empregos em IA de 34% do total de empregos em TI para 54% até 2030.
Nesse cenário, para garantir a educação tecnológica inclusiva e o progresso socioeconômico será imprescindível treinar profissionais em novas habilidades, já que haverá diminuição nas ofertas de emprego para trabalhadores de média e baixa qualificação — a atimpativa é de redução de quase um terço das vagas de média qualificação (31% e queda de quase metade dos postos de trabalho de baixa qualificação (44%).
Na análise dos países latino-americanos, o Brasil tem a segunda maior oportunidade de aumentar seu crescimento de produtividade e equipará-lo ao de países desenvolvidos na região. O México é o país latino com a maior oportunidade de fazer crescer sua economia com a adoção massiva de IA.
As estimativas se baseiam nos níveis atuais de produtividade por indústria e por ocupação nos países. E prevêem que o Brasil possa se igualar aos níveis de produtividade dos Estados Unidos para as mesmas indústrias e ocupações graças à plena adoção da IA e à qualificação generalizada de sua força de trabalho.
Fonte: Época