Fetransul vê um extenso caminho pela frente

setembro 19, 2024 Off Por Site Fetransul

Os níveis de resiliência exigidos estão entre os mais altos para os gaúchos que atuam no segmento de logística e transporte de cargas. Não se reconstrói uma ponte rapidamente, reconhece Francisco Cardoso, presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul (Fetransul). “Sabemos que a recomposição plena da infraestrutura rodoviária obedece a um ritmo diferente, mesmo na condição emergencial. Temos um extenso caminho pela frente”, sentencia.

O dirigente afirma que a resiliência também se impõe frente a uma realidade de escassez de crédito para investir na recuperação. “Os fartos recursos anunciados pelo governo federal não ficaram disponíveis para a maioria dos setores, inclusive o nosso. Exigências desmedidas às circunstâncias dificultaram o acesso ao crédito. A restrição à chamada ‘mancha de inundação’ igualmente desconsiderou a dinamicidade de nossa atividade econômica”, observa.

A saída encontrada pelo setor foi se adequar aos ritmos diferentes impostos a cada situação particular, reagindo à medida que os fatos iam se revelando. A expectativa é de que a recomposição plena se dê a médio prazo. Na atualidade, empresas que sofreram perdas materiais estão reconstruindo, renovando, negociando indenizações com as seguradoras. Algumas estavam melhor preparadas do que outras. “Mas não temos conhecimento de organizações que tenham falido ou desistido de continuar”, observa.

Um número considerável de transportadoras perdeu veículos e teve seus terminais alagados durante o ápice do desastre climático. Uma das primeiras iniciativas da federação foi criar um grupo, o Fetransul Solidariedade, reunindo as principais lideranças do setor e grandes empresários. Ali eram trocadas informações e combinadas ações de apoio às comunidades. Ao tomarem conhecimento dessa organização, as autoridades passaram a demandar abastecimento de roupas, alimentos, colchões, água etc, inclusive vindos de fora do Estado.

“Realizamos cerca de 3 mil carregamentos de cargas para cidades inundadas. Muitas foram trazidas de outros estados. Tivemos oferta de abastecimento de água mineral até do Piauí. Foi uma imensa logística, toda ela feita em nome da solidariedade”, recorda Cardoso.

A entidade, por meio de uma equipe em home office, também centralizou informações sobre bloqueios de rodovias, servindo de referência para a imprensa informar sobre a ameaça de falta de abastecimento. “Uns 45 dias após o início da enchente, saímos da etapa da solidariedade no abastecimento das comunidades e passamos a nos engajar em ações públicas com as demais entidades empresariais, com o meio político e os governos federal e estadual. Passamos a integrar comitês públicos de reconstrução. Continuaremos nesta linha para dar voz ao setor perante as autoridades”, afirma o dirigente.

Fonte: Caderno Semana Farroupilha – Jornal do Comércio