Na contramão global, atividade acelera no Brasil, diz OCDE
setembro 10, 2020O ritmo de recuperação econômica do Brasil continuou se fortalecendo em agosto, ao mesmo tempo em que desacelerou nas outras grandes economias do mundo, segundo os indicadores compostos avançados (CLIs, na sigla em inglês) da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em agosto, a moderação no ritmo de crescimento dos CLIs foi observada em todas as principais economias da OCDE, especialmente na França, onde o indicador melhorou apenas marginalmente nos últimos dois meses.
Uma moderação semelhante ocorreu em todas as principais economias emergentes, exceto na China, onde a taxa de expansão do CLI para manufatura permanece estável, e também no Brasil, “onde o CLI continua a se fortalecer”, segundo a entidade.
O sistema de indicadores compostos avançados da OCDE é concebido para sinalizar com antecedência os pontos de virada do ciclo econômico – flutuações de produção ou da atividade econômica em relação ao seu potencial de longo prazo.
Quatro fases cíclicas são definidas. Na “expansão”, o indicador aumenta e fica acima de 100; na “inflexão”, o indicador diminui, mas continua acima de 100; na “desaceleração”, há uma baixa para menos de 100; e na “retomada”, o indicador aumenta, mas ainda fica abaixo de 100.
Em agosto, nas principais economias os indicadores apontam “moderação no ritmo do crescimento”. As exceções são a China, com “estabilização no ritmo de crescimento”, e o Brasil, o único com “fortalecimento contínuo”.
O Brasil aparece de novo como o único grande país com índice apontando para expansão (com 100,4). Técnicos da OCDE notam que esse índice não é uma medida do grau de crescimento da atividade econômica, e sim a perspectiva do ciclo de crescimento, portanto positiva.
Nos EUA, o índice pulou de 98,6 para 98,9, no Japão de 98,5 para 98,9, na Alemanha de 99,1 para 99,4 e no Reino Unido de 97,2 para 97,6. Com a incerteza persistindo em torno da possibilidade de futuras medidas de mitigação, os CLIs devem ser interpretados com cuidado, especialmente ao avaliar o mês seguinte, nota a OCDE.
Recentemente, a Organização Mundial do Comércio (OMC) apontou “recuperação nascente” nas exportações e importações, mas alertou também sobre risco real de a economia global passar por uma recessão duradoura.
O “Barômetro do Comércio de Bens” destacou que a força de qualquer recuperação permanece altamente incerta: não se pode descartar uma trajetória em forma de “L” (após uma queda brutal, a economia passaria por um longo período de atividade estagnada), em vez de em “V” (queda brusca seguida de retomada vigorosa da atividade econômica).
Fonte: Valor Econômico