Prorrogação do contrato da Ecosul divide opiniões em pesquisas realizadas com usuários

outubro 25, 2024 Off Por Site Fetransul

Com concessão até 2026, Ecosul administra Polo Rodoviário de Pelotas em trechos das BR-116 e BR-392

Uma pesquisa realizada pela Fetransul (Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul) aponta que 89% dos usuários do Polo Rodoviário de Pelotas entrevistados acreditam que uma nova licitação com outra empresa reduziria as tarifas e aumentaria os investimentos na região. Atualmente, administrada pela Ecosul, a taxa de pedágio nas rodovias é considerada uma das mais caras do Brasil, no valor de R$ 19,60 para carros de passeio. O contrato de concessão termina em 2026, mas a empresa busca a prorrogação sob novos moldes. Em contrapartida, a Ecosul afirma que, em pesquisa realizada pelo Instituto de Opinião Pública (IPO), 72,6% dos entrevistados concordam com a proposta de prorrogação da concessão com um novo modelo de contrato com a empresa.

O levantamento da Fetransul também traz outros dados: 96% dos entrevistados consideram o pedágio caro; 68% avaliam os serviços e a segurança viária da Ecosul como regulares ou ruins; e 62% se declaram insatisfeitos. Além disso, 86% dos pesquisados são da Zona Sul do Estado, e 89% usam as rodovias diariamente ou semanalmente.

Segundo o presidente da Fetransul, Francisco Cardoso, o contrato de concessão é muito antigo e, em sua visão, as condições não fazem mais sentido nos dias de hoje. “Não havia necessidade de quase nenhum investimento pelo contrato. Tanto que a maioria das obras de duplicação foi feita pelo governo federal, com recursos do contribuinte”, ponderou. Para ele e para as entidades que representa, é necessário realizar uma nova licitação, permitindo que outras empresas concorram e ofereçam uma administração mais eficiente.

Cardoso também destaca a necessidade de uma audiência pública envolvendo entidades e a população da Zona Sul do estado, incluindo produtores rurais e comerciais-industriais. “É preciso redefinir o projeto e incluir outros trechos. O valor do pedágio afeta a competitividade da Zona Sul. As transportadoras não pagam o pedágio, mas isso aumenta o custo para os embarcadores, o que encarece o transporte de carga e afeta o trabalho”, explicou.

Metodologia Fetransul

A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas. Na primeira fase, por meio digital, foram coletadas 3.447 respostas de pessoas vinculadas a entidades empresariais que, devido às suas atividades, utilizam o sistema rodoviário do RS. Entre essas entidades, estão os 13 sindicatos de empresas de transporte e logística do estado, garantindo abrangência estadual à amostra.

Na segunda etapa, foi realizada uma pesquisa presencial entre os dias 28/08 e 02/09. As entrevistas ocorreram em postos de abastecimento nas rodovias BR-116 e BR-392, nas cidades de Pelotas, Canguçu e Rio Grande. A amostra incluiu 1.085 questionários, divididos proporcionalmente entre usuários de automóveis e caminhões, de acordo com a média de passagens diárias nas praças de pedágio, por tipo de veículo. A margem de erro da pesquisa é de até 10%, conforme os critérios técnicos de amostragem.

Cardoso explicou que, para obter uma amostra representativa dos usuários das rodovias concedidas à Ecosul, “consideramos o VDM das vias (cerca de 30 mil veículos por dia) e determinamos uma margem de acerto de 90%. Para isso, seriam necessárias 748 entrevistas.” Apesar disso, foram feitas 1.085 entrevistas. “O que está em jogo é o fim deste contrato e uma nova licitação. Queríamos saber o que os usuários pensam sobre isso, mas também medimos a satisfação de forma acessória“, afirmou.

Ecosul diz que 72,6% dos entrevistados em pesquisa concordam com a proposta para a prorrogação da concessão

 A prorrogação do contrato também foi tema de uma pesquisa do Instituto de Opinião Pública (IPO), afirmou a Ecosul, concessionária que administra as rodovias. De acordo com o levantamento realizado pelo IPO, 72,6% dos entrevistados concordam com a proposta de prorrogação da concessão com um novo modelo de contrato com a Ecosul apresentado ao governo federal.

“Essa proposta prevê a redução imediata da tarifa e importantes obras, entre elas a duplicação da BR-392, do quilômetro zero ao quilômetro 9, a recuperação da Ponte do Canal São Gonçalo, o alteamento e substituição de três pontes na BR-116, o alargamento e adequação de todas as pontes, a construção de um ponto de parada e descanso para caminhoneiros, além de melhorias como a implantação de sistemas de monitoramento por câmeras, descontos para veículos de passeio que sejam usuários frequentes e a modernização dos parâmetros operacionais”, detalhou a empresa.

A Ecosul ressalta que as alternativas com um novo contrato preveem a redução imediata da tarifa de pedágio. “Não se trata de uma simples prorrogação do contrato atual, mas de uma repactuação, com redução da tarifa e a obrigação de realizar obras importantes”, esclareceu.

À reportagem, a empresa informou ainda que a proposta de extensão da concessão está em análise pelo Ministério dos Transportes, “sem atualizações recentes“. Sobre a pesquisa da Fetransul, a Ecosul afirmou desconhecer a metodologia, mas ressaltou que “a pesquisa recente realizada pelo IPO apontou que 68% dos usuários consideram ótimos ou bons os serviços prestados pela concessionária, e 22,5% os avaliam como regulares.”

Metodologia IPO

A pesquisa do IPO é quantitativa, probabilística e estratificada por tipo de veículo (passeio e carga), praça de pedágio e tipo de passagem (normal e AVI/via fácil). Os motoristas foram entrevistados nas praças de pedágio e nos postos de combustíveis no entorno do Polo Rodoviário da Ecosul. O levantamento foi realizado entre os dias 17 e 27 de abril de 2024, com um total de 900 entrevistas, sendo 566 com veículos de passeio e 334 com veículos de carga/caminhões. A margem de erro é de 3,0 pontos percentuais, com um intervalo de confiança de 95%.

Fonte: JC – Repórter Bárbara Lima
Foto: ECOSUL/DIVULGAÇÃO/JC